Três meses depois do acidente que deixou três mortos e uma sobrevivente com sequelas, familiares, amigos e colegas de trabalho das vítimas voltaram a se reunir nesta segunda-feira (22), em frente à Delegacia de Polícia Civil da Sobral, em Rio Branco. Eles cobram que a responsabilização do motorista da caminhonete envolvida na colisão, Talysson da Silva Duarte, finalmente aconteça.
“Sobreviveu somente eu. Eu estou sofrendo com as consequências desse acidente ainda. Então a gente quer justiça. Nós somos seres humanos. Se há justiça pra uns, tem que ter pra outros também”, desabafa Raiane Xavier, de 30 anos, que teve a vida poupada, mas carrega dores e limitações físicas desde a tragédia.
O acidente aconteceu no dia 17 de abril, na região da Via Verde. A caminhonete conduzida por Talysson atingiu três motocicletas. Márcio Pinheiro da Silva, de 45 anos, morreu ainda no local. Três dias depois, Carpeggiane de Freitas Lopes, também de 45, faleceu após lutar pela vida no hospital. A última vítima foi Fábio Farias de Lima, de 33 anos, que passou semanas internado na UTI do Pronto-Socorro e não resistiu, falecendo no dia 22 de maio.
“Nem um pedido de desculpas”
Viúva de Carpeggiane, a autônoma Gigliane Lopes afirma que nunca recebeu qualquer assistência ou sequer um pedido de desculpas do condutor. Para ela, há um silêncio inexplicável por parte das autoridades.
“Já tem três meses que a gente procura essas respostas e não tivemos nada. Nenhuma. O caso das duas últimas vítimas que teve acidente, o cara foi preso. Por que o Talysson não foi também? Sendo que ele deixou uma pessoa morta na hora, duas gravemente feridas. Meu esposo morreu dias depois. O Fábio, 35 dias depois. Por que estão protegendo esse homem? O que ele tem? O que ele é? Porque até hoje ninguém sabe notícias dele.”
O sentimento de abandono é compartilhado por outros familiares. Um dos irmãos de Márcio lamenta a falta de informações:
“A gente fica só com a dor de ter perdido o irmão e sem resposta. É uma tristeza enorme. A gente busca justiça. Foram três pessoas e tem uma mulher que ainda está machucada. A gente quer que ele responda pelo que fez.”
Familiares também apontam falhas no laudo inicial da perícia, que teria atribuído erroneamente a Márcio a condução de uma das motos. Segundo eles, quem pilotava era Carpeggiane. “Márcio nem carteira de habilitação tinha”, reforça Gigliane.

A demora na conclusão do inquérito, segundo a Polícia Civil, se deve à ausência de um equipamento específico no Acre, essencial para medir a velocidade da caminhonete e reconstituir com precisão o acidente. O delegado Karlesso Nespoli explica que imagens de drone e medições foram encaminhadas para análise em São Paulo.
“Não conseguimos concluir a velocidade. Dependendo do grau, ela pode aumentar a pena. Como não tínhamos esse equipamento, fizemos imagens e medições e enviamos para São Paulo. Estamos aguardando o retorno”, afirmou o delegado.
Ainda de acordo com Nespoli, a possibilidade de indiciamento de Talysson depende da confirmação da velocidade. “Se ele estiver acima de 50% da velocidade permitida, há agravantes de pena previstos no Código de Trânsito.”
Com informações do repórter João Cardoso para TV Gazeta
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