Por Arielly Casas
Olympo, a nova série da Netflix, tem causado impacto nos telespectadores. Com uma pegada parecida com Elite — série também espanhola no catálogo da plataforma de streaming —, a obra traz elementos conhecidos, mas se destaca por um diferencial: é boa.
Sabe aquela sensação de déjà vu, de que já vimos algo parecido antes? É exatamente o que sentimos ao assistir à criação. A produtora Zeta Studios, responsável pelo projeto, também criou algumas produções mundialmente conhecidas. E adivinhe qual delas é bastante familiar para o público? Isso mesmo, Elite.
A Zeta Studios é uma produtora de renome, como podemos comprovar pela série que estreou em 2018 e fez grande sucesso internacionalmente. Contudo, é preciso destacar alguns pontos. A produção foi excelente até sua terceira temporada; depois disso, começou a perder o rumo. Ficou evidente a falta de um enredo coeso, e, a cada nova leva de episódios, parecia que estávamos vendo mais do mesmo.
Elite foi um fenômeno da mídia, sem dúvida, mas isso levanta uma questão: por que continuar uma série que já perdeu sua qualidade, mesmo estando financeiramente em alta? A resposta é simples: justamente porque ainda dá lucro — e, por isso, não é cancelada. Mas esse sucesso financeiro fez com que a realização se “perdesse” ao longo do tempo e, assim como subiu rapidamente ao topo, sua queda foi igualmente veloz.
Voltando o foco para Olympo, o que podemos esperar? Podemos, de fato, torcer para que ela não siga o mesmo caminho de sua predecessora. Segundo a própria Zeta Studios e a atriz Clara Galle (que interpreta Amaia), a produção se distingue justamente por não abordar o ensino médio, mas sim a fase de transição para a vida adulta. Enquanto a anterior – por mais que não pareça – ainda foca em estudantes dessa etapa escolar, a nova trama traz a perspectiva de jovens atletas lidando com os desafios desse novo momento da vida.

A série não tem um protagonista definido, mas sim todo um elenco principal. Tendo em vista que são apenas 8 episódios, em, até então, uma única temporada, algumas histórias acabam ficando um pouco defasadas.
Logo nos primeiros minutos do episódio piloto, conhecemos Zoe, uma corredora que foi convidada a se juntar à equipe de atletas do C.A.R. Pirineus (Centro de Alto Rendimento).
A série não é indicada para menores de 16 anos – e isso tem um (ou vários) motivos. Logo no primeiro episódio, temos de tudo um pouco: drogas ilícitas, sexo explícito, homofobia e, é claro, uma quase morte por afogamento.
Após a chegada de Zoe, o seriado nos apresenta os outros personagens dessa história de ambição. Ela é recebida por Núria (nadadora), que apresenta o C.A.R.; também conhecemos Amaia (nadadora), Roque Pérez (jogador de rúgbi) e Cristian (jogador de rúgbi). No decorrer da série, podemos escolher nosso personagem favorito.
Depois das apresentações, seguimos com o enredo. O objetivo dos atletas é conseguir um patrocínio. O único patrocinador citado, até então, é a marca de roupas Olympo. Por ano, são dados apenas três patrocínios. Zoe foi a primeira a ser patrocinada, o que causa revolta nos outros atletas.
Em paralelo, vemos Amaia – que é, com certeza, uma das atletas mais dedicadas e promissoras do Pirineus – testar suas colegas de equipe para ver quem será sua dupla no dueto de natação artística, na apresentação que definirá sua ida às Olimpíadas.
Núria, que até então era a dupla de Amaia, pede para ser testada pela melhor amiga. Durante o teste, Amaia diz para a parceira dar 10 giros na água e, assim, superá-la. Núria faz mais de 10 giros, porém acaba tendo uma parada cardíaca e quase morre afogada por passar muito tempo submersa.
Amaia e Cristian são nosso casal estrela, até que o jogador é expulso do centro por não ter um físico considerado bom o suficiente. A partir daqui, a história toma um rumo diferente. A forma como o caso de Núria está sendo tratado levanta suspeitas – e é aí que a trama começa a ficar interessante.

O enredo de Amaia, que antes era focado em ser a melhor atleta do Pirineus e conseguir um patrocínio, passa a girar em torno de descobrir se sua melhor amiga estava dopada, onde ela está sendo tratada e qual é seu real estado de saúde. Todas essas questões são mantidas em segredo, mas são reveladas aos poucos ao longo da série.

O melhor jogador do time
Simultaneamente, outras histórias vão sendo contadas, e novas questões surgem. Por exemplo: Roque Pérez, citado como o melhor jogador do time, está sendo deixado no banco de reservas após postar uma foto com um garoto – seu ficante. Em um jogo contra a seleção de Portugal, o técnico da Espanha não vê outra opção a não ser colocar a estrela do time em campo.
Em uma declaração no fim do jogo, Pérez revela que foi deixado no banco possivelmente por homofobia – tanto por parte dos colegas quanto do técnico. Isso vai ganhando força e sendo confirmado no decorrer dos episódios.

Identidade em destaque
Também temos Renata, que é parceira de Zoe nas corridas. Renata, uma personagem mais fechada, em determinado momento se abre com Zoe e revela que é intersexual e que faz tratamento para conter os níveis de testosterona no corpo.
Primeira patrocinada
Voltando o foco para Zoe: ela é, sem dúvida, uma das personagens mais inúteis e insuportáveis de toda a temporada. Convidada para o Centro de Rendimento e escolhida como a primeira atleta patrocinada – em uma disputa que é o eixo central da série -, Zoe não demonstra merecimento. Ao longo dos 8 episódios, com cerca de 40 minutos cada, não a vemos completar um circuito sequer sem cair na pista. O que mais se vê é Zoe fugindo dos treinos para usar drogas ou beber.

As histórias que, até o momento, pareciam não ter ligação agora se unem em uma só trama. O retorno de Cristian ao C.A.R. traz consigo algumas surpresas – como o segundo patrocínio e, logo em seguida, o terceiro. Portanto, os atletas patrocinados pela Olympo passam a ser Zoe, Cristian e Roque.
Isso gera uma grande dúvida – e até revolta – em nós, telespectadores, pois, até aqui, ficou claro que a atleta que mais se esforça e tem potencial para ser gigante é Amaia. Porém, os patrocinadores parecem não enxergar isso.
Nossa “nadadora de ouro” começa a suspeitar que alguns atletas estão dopados e entra em contato com uma empresa antidoping. Amigos, isso com certeza gera uma revolta enorme entre todos no Pirineus. A partir desse momento, temos de tudo: aluno sendo expulso, diretora do C.A.R. fugindo e até mesmo Amaia sendo acusada de fornecer drogas, ficando proibida de treinar. Também é levantada a possibilidade de um processo contra ela.
Ao longo da série, vemos mentiras, traições e sexo – muito sexo. Quando são levados à sede da Olympo, os atletas patrocinados são apresentados ao mundo como o “futuro do esporte”.
No entanto, Zoe faz uma descoberta surpreendente na sede. Ela é levada a uma espécie de ala hospitalar dentro da própria empresa para ser submetida a um tratamento. Durante uma tentativa de fuga, entra por engano em uma sala e vê Núria totalmente recuperada. Até esse ponto, não sabíamos onde ela estava ou se seu estado de saúde era estável.
Daqui pra frente, só pra trás. Núria retorna ao centro Pirineus para treinar – mas com um pequeno detalhe: ela está imparável. Desta vez, não temos Amaia como a melhor. Na verdade, ela começa a ser deixada de lado. Núria agora é a capitã do time e não escolhe a melhor amiga como dupla.
Amaia é muito cobrada pela mãe e pressionada por sua própria mente. O motivo? Tíbias curtas. Seu corpo, segundo especialistas, não foi feito para o nado. Porém, a garota não desiste: treina desde os 14 anos e, mesmo assim, consegue se tornar a melhor atleta do C.A.R.
Quando não é escolhida para o dueto, entra em pânico por conta da cobrança da mãe. Diante disso, vemos a nadadora empurrar a colega de equipe – representante do dueto -da escada.
Depois disso, os antes três atletas patrocinados, agora sem patrocínio, se reúnem para expor toda a sujeira por trás da Olympo.
Nos últimos minutos do episódio final da temporada, temos uma Amaia espetacular e uma Núria brilhante, executando com perfeição toda a performance da natação artística – e conseguindo não 10, mas 13 giros na água.
Os amigos ficam decepcionados ao verem a atleta que, até então, era a primeira a desconfiar da Olympo e a questionar seus métodos, agora rendida ao mesmo sistema.
A última cena mostra uma Amaia exausta, desmaiando dentro da piscina.

A série prende do início ao fim. Cada episódio termina com um clima de tensão que faz você querer ir o mais rápido possível para o próximo – e, é claro, o final da temporada não seria diferente. Ficamos com aquele gostinho de “quero mais” e com uma pulga atrás da orelha em relação a Amaia.
Eis a grande questão: Amaia realmente usou a droga criada pela Olympo e estava dopada, ou conseguiu executar tudo com o próprio esforço?





