Bananas apodrecem por falta de mercado
Conhecida por ser um dos polos produtores de bananas no Acre, Acrelândia aparece no cenário econômico marcado pela crise no setor que está levando milhares de cachos a apodrecerem nos pés, isso porque não existe mercado para a venda do produto.
Não se trata de uma ‘super safra’, os mercados de Rondônia e do Amazonas que negociavam as bananas do município retraíram as compras e sobrou o prejuízo para quem vive da atividade no Acre.
A cena é visível em Rio Branco. Toneladas de banana-comprida estão se perdendo na Central de Comercialização e Abastecimento (Ceasa). Os produtores tentam negociar os cachos na capital, mas não está fácil conseguir comprador.
Segundo o produtor Ronaldo Carneiro, muitas bananas estão se perdendo no pé. Para não aumentar o prejuízo com os custos de colheita e transporte os produtores preferem ver os cachos apodrecerem na planta. O Ronaldo tem uma pequena propriedade e ainda tem 18 mil pés de banana ao ponto de colheita, mas prefere deixar como está.
Os cachos que Ronaldo trouxe para a Ceasa de Rio Branco estão se perdendo e quando aparece comprador o preço é baixo de mais. “Cada dia que a produção fica aqui na Ceasa eu pago R$ 4,00, e já gastei R$ 500,00 de frete e ainda tem que pagar a hospedagem e a comida em Rio Branco. Vou ter o maior prejuízo de minha vida”, reclamou.
Segundo o produtor, os atravessadores em Rio Branco estão oferecendo R$ 4,00 por um cacho da banana comprida, que já chegou a R$ 14,00. Pelos cálculos de Ronaldo, a produção de bananas do município pode cair em 70% esse ano. “Muitos cachos nem serão colhidos, vão apodrecer no pé. Estamos pensando em desistir da cultura. Não adianta plantar e perder dinheiro”, adiantou.
Os produtores querem ajuda do Estado para retirar alguns custos, como o da Ceasa por exemplo, e incentivar mais o mercado. O imposto de 12% de ICMS é alto quando não se consegue vender para outro estado, principalmente com a queda do preço.
O governo através do secretário de agricultura, José Reis, admite que falta mercado. Hoje a banana do Acre só pode ser vendida até o Mato Grosso. Existe uma praga, a Sigatoka Negra, que ataca os bananais. “Com essa ameaça, o Sul e Sudeste do país não consomem a banana do Acre. Infelizmente o mercado está fechado, vamos torcer para que os preços subam e o prejuízo seja menor”, relatou.
Conhecida por ser um dos maiores produtores de banana cumprida, Acrelândia vai ficar marcada pela safra que ficará perdida e que vai inviabilizar um dos produtos mais promissores do estado.
