O centro de Rio Branco, capital acreana, guarda em nas ruas e edificações um testemunho da história e cultura de uma cidade rica em tradições. No entanto, o passar dos anos trouxe também o abandono e a deterioração dos espaços que compõem essa região central.
Prédios e monumentos que outrora representavam a vitalidade cultural e histórica da cidade, hoje enfrentam os efeitos do descaso e do esquecimento, refletindo uma situação preocupante.
Em resposta a esse cenário, surge o movimento “Coletividade”, uma iniciativa formada por um grupo de profissionais de diferentes áreas, incluindo arquitetos, urbanistas, engenheiros, economistas, administradores e sociólogos.
Com uma visão abrangente e integrada, o grupo busca sensibilizar tanto o poder público quanto a sociedade sobre a urgência da requalificação urbanística do centro da cidade. A ideia vai além de reformas estruturais, englobando também aspectos sociais, ambientais, turísticos e econômicos, numa proposta que visa a revitalização completa e sustentável dessa área histórica.
O administrador Alberto Damasceno, membro ativo do movimento, destaca as discussões que ocorreram no último seminário da Coletividade, em novembro do ano passado. Durante o encontro, foi abordada a situação de lugares icônicos, como o Novo Mercado Velho, um dos maiores símbolos da capital acreana.
Inaugurado nos anos 2000 como um projeto de modernização do antigo mercado, o Novo Mercado Velho foi um ponto de encontro cultural e gastronômico, porém, atualmente, encontra-se em estado de abandono, com lojas fechadas, estruturas deterioradas e poucos visitantes. A imagem atual do local é um reflexo do desinteresse pelas áreas históricas da cidade.
Outro aspecto crítico diz respeito à população em situação de rua, que, em número superior a quatrocentas pessoas, circula pelo centro da cidade, incluindo o Novo Mercado Velho. Para Antônio Balica, presidente da Associação dos Parentes e Amigos dos Dependentes Químicos do Acre (APADEQ), a situação exige uma ação imediata.
Na última terça-feira, a coordenação do Fórum da Economia Solidária esteve reunida com os comerciantes da praça de alimentação, comunicando que todos serão transferidos para a praça da biblioteca a partir de quarta-feira, medida necessária devido à proximidade das áreas de erosão às margens do rio.
Apesar dos desafios, os membros do movimento “Coletividade” mantêm-se otimistas. Para eles, a revitalização do centro de Rio Branco é mais que uma questão estética; trata-se de um projeto estratégico para a cidade. A iniciativa representa a possibilidade de revalorizar a economia local, atrair turismo, preservar o patrimônio histórico e oferecer mais segurança e qualidade de vida para os habitantes.
Em um momento em que a capital acreana precisa reencontrar o caminho, a requalificação do centro desponta como uma oportunidade de união entre poder público, profissionais e sociedade para transformar o coração da cidade e resgatar a identidade histórica e cultural.
Matéria produzida pelo repórter Marilson Maia para a TV Gazeta.
