O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) está conduzindo, nas últimas semanas, a Operação Suçuarana, que tem como objetivo a retirada de gado de áreas consideradas irregulares dentro da Reserva Extrativista (Resex) Chico Mendes, no município de Xapuri. A ação ocorre após anos de notificações e processos judiciais envolvendo dois produtores que, segundo o instituto, não fazem parte das famílias tradicionais extrativistas autorizadas a permanecer na área protegida.
Durante a operação, cerca de 200 cabeças de gado foram retiradas de duas propriedades na região. Desse total, apenas 59 ainda permanecem sob controle, enquanto os demais animais foram levados a um frigorífico em Brasileia, de onde desapareceram após o local ser abandonado pelo proprietário e os funcionários dispensados. A carne dos bois abatidos seria destinada ao estado do Pará para distribuição em escolas.
Autoridades em busca de soluções
Em meio à repercussão da operação, o senador Sérgio Petecão (PSD-AC) se reuniu em Brasília com o presidente do ICMBio, Mauro Pires, para solicitar um encaminhamento que não prejudique as famílias que vivem tradicionalmente na reserva. Petecão defendeu a necessidade de encontrar soluções que respeitem os direitos dos moradores que dependem da Resex para subsistência.
Mauro Pires esclareceu que a operação não é dirigida contra as comunidades extrativistas, mas sim contra ocupações ilegais recentes, que descumprem os objetivos da reserva. Os dois alvos da operação foram notificados em 2011 e 2016, respectivamente, com múltiplos avisos e prazos para a retirada voluntária do rebanho. Após decisão judicial favorável ao ICMBio, o instituto deu início à remoção compulsória dos animais.
Sobre a Resex Chico Mendes
De acordo com o presidente do ICMBio, a Resex Chico Mendes abriga cerca de 3 mil famílias extrativistas, que seguem autorizadas a realizar atividades sustentáveis, como o cultivo agrícola em pequena escala e a criação de animais para consumo próprio. Ele reiterou que a fiscalização não atinge esses moradores, mas sim casos considerados graves de criação extensiva e invasão pós-criação da reserva.
Pires também destacou que há registros de produtores que chegaram após a criação da Resex, com rebanhos que chegam a 300 cabeças de gado, prática considerada ilegal nas condições estabelecidas para a unidade de conservação.
Matéria em vídeo produzida pelo repórter Adailson Oliveira, para TV Gazeta.
