O estudante de medicina Amarilio dos Santos Campos Neto, de 33 anos, protagonizou uma tentativa de fuga inusitada após se envolver em um grave acidente de trânsito que matou o motoboy Josimar Silva Bedoni, de 43 anos, em Rio Branco. O caso, que já gerava comoção pela violência do atropelamento, agora levanta suspeitas de favorecimento e obstrução da Justiça.
Amarilio foi levado ao pronto-socorro da capital no último fim de semana, depois de atingir Josimar com um carro em alta velocidade na região entre o bairro Universitário e o Distrito Industrial. Enquanto a vítima não resistiu aos ferimentos e morreu pouco depois de dar entrada na unidade de saúde, o estudante estava consciente e sendo acompanhado por uma guarnição da Polícia Militar, que aguardava para levá-lo à delegacia.
O que causou espanto foi o fato de Amarilio ter desaparecido da ala de emergência, pouco antes de ser encaminhado à delegacia. Após uma verificação interna, foi descoberto que o estudante havia sido retirado do hospital por um médico que também é oficial da Polícia Militar, identificado como Wilson Campos.
Segundo testemunhas, o oficial que tirava plantão no hospital e também atende na Pronto clínica da PM — alegou que levaria o estudante para a realização de exames em outro local. Um sargento da guarnição tentou impedir a saída, afirmando que Amarilio não poderia ser retirado antes de falar com os policiais, mas foi ignorado pelo oficial, que usou sua patente para sair com o suspeito escondido no próprio veículo.
A fuga só não foi concretizada porque a equipe da PM desconfiou da movimentação e passou a monitorar o veículo do oficial. Pouco tempo depois, o carro foi interceptado mais à frente. Dentro, estavam Amarilio, sua mãe e o médico militar.
De acordo com os agentes que participaram da ocorrência, o oficial chegou a negar que havia outra pessoa no carro, mas após nova abordagem, a presença do suspeito foi confirmada. Amarilio foi então impedido de seguir viagem e colocado à disposição das autoridades.
A Polícia Militar do Acre e sua Corregedoria ainda não se pronunciaram oficialmente sobre o caso. O médico Wilson Campos segue atuando normalmente nos plantões, o que gera revolta entre os servidores que presenciaram a tentativa de obstrução da Justiça.
A tentativa de fuga causou indignação não só pela violação do procedimento policial, mas também pela história de vida da vítima. Josimar Bedoni era conhecido entre colegas motoboys por sua dedicação à família. Ele cuidava do filho com paralisia cerebral durante o dia e fazia entregas à noite para ajudar nas despesas da casa.
Familiares e amigos de Josimar cobram uma resposta das instituições, especialmente em relação à atuação do oficial da PM, e pedem que o estudante de medicina responda na Justiça por todos os atos: tanto pela morte de Josimar quanto pela tentativa de fugir da responsabilização.
Com informações do repórter Adailson Oliveira para TV Gazeta
