Uma pesquisa do Instituto Federal do Acre (Ifac), campus Sena Madureira, desenvolveu um curativo biodegradável a partir de um bambu amazônico conhecido como taboca. O projeto, conduzido pelo professor de Química Marcelo Ramon com apoio de alunos da instituição, utiliza nanotecnologia e foi selecionado para ser apresentado na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP30, que será realizada em Belém (PA) em 2025.
A pesquisa extrai da taboca a carboximetilcelulose (CMC), substância encontrada em abundância na planta e com propriedades cicatrizantes. “Nós conseguimos extrair a CMC da taboca. Tão logo fizemos essa extração, decidimos dar uma aplicação tecnológica. Em nossas pesquisas, vimos que a CMC é um agente cicatrizante de tecido, então pensamos em aplicá-la em curativos”, explicou o professor.
O processo de fabricação envolve a diluição do pó do bambu até formar um gel. Em seguida, o material recebe gotas de óleos naturais de andiroba e copaíba, aplicadas com o auxílio da nanotecnologia. A transformação em plástico biodegradável ocorre em um período de 24 a 72 horas. O produto final é absorvível pela pele e demonstrou em laboratório ser até 60% mais eficiente na cicatrização de feridas do que antibióticos convencionais.
O bambu utilizado, apesar de ser considerado invasor por conta dos espinhos e do crescimento acelerado, foi escolhido justamente por sua abundância na região. Além de aproveitar um recurso natural local, o curativo evita o uso de plásticos derivados do petróleo, que são cancerígenos e levam décadas para se decompor.
“Os plásticos convencionais liberam substâncias tóxicas na decomposição. Já o nosso é feito com compostos 100% naturais e contribui para a nutrição do solo. O impacto ambiental é um dos principais pontos do projeto”, destacou Ramon.
A pesquisa representa um avanço na área da biotecnologia e também reforça a importância da ciência produzida na Amazônia. “É uma honra representar o Ifac e o Acre na COP30. Nosso objetivo é mostrar que também fazemos ciência, tecnologia e inovação a partir dos recursos da floresta”, completou o pesquisador.
Matéria produzida pela repórter Natália Lindoso, para TV Gazeta.
