A estiagem severa que atingiu o Acre este ano deixou municípios como Jordão, Porto Walter e Marechal Thaumaturgo isolados e sem acesso regular a alimentos, combustível e água potável. Apesar do aumento das chuvas neste início de inverno, o nível dos rios permanece extremamente baixo, tornando a navegabilidade quase impossível. Em Jordão, o rio Tarauacá registra apenas 13 centímetros de profundidade, permitindo que quadriciclos atravessem trechos do leito sem que as rodas afundem, cenário inédito segundo os moradores.
Com o isolamento, o abastecimento de produtos básicos só tem sido possível com apoio emergencial da Força Aérea Brasileira, que recentemente realizou um voo para levar gêneros alimentícios e água potável ao município. A baixa profundidade do rio limita o transporte a pequenas canoas, que ainda enfrentam dificuldades, necessitando que passageiros desembarquem e empurrem a embarcação em trechos mais rasos. Esses pequenos barcos vêm transportando combustível em tambores de 20 litros, já que balsas e barcos maiores estão encalhados.
A situação tem afetado profundamente a economia local. O valor da gasolina em Jordão chegou a R$ 13 por litro e, apesar do preço elevado, o combustível já se esgotou na cidade. Comerciantes fecham as portas pela falta de produtos, e o prefeito Naudo Ribeiro relatou que a população enfrenta uma das piores crises do município. “Desde o início do ano, quando tivemos a maior cheia da história, enfrentamos agora a menor marca já registrada. A população sofre com a falta de gás de cozinha e combustível, que nunca estiveram tão caros devido ao aumento dos custos de transporte”, declarou Ribeiro.
A crise se repete em Porto Walter, onde há quinze dias os moradores não encontram frango e verduras nos mercados, e o combustível está no fim. O prefeito Sebastião Nogueira anunciou que algumas atividades serão paralisadas, pois não há como abastecer veículos e motores essenciais. Sem condições de tráfego, o ramal que conecta o município a Cruzeiro do Sul está inutilizável, isolando ainda mais a cidade.
Em Marechal Thaumaturgo, a botija de gás, que antes custava R$ 150, agora é vendida a R$ 250. O combustível também está em falta e vários produtos sumiram das prateleiras. Segundo o prefeito Valdélico Furtado, os efeitos da seca extrema, que começou em maio, continuam se intensificando, e ele expressou preocupação com o futuro: “Estamos há mais de seis meses enfrentando um rio raso, depois de uma cheia que inundou as margens. Agora a seca prolongada nos deixa inseguros quanto aos próximos meses”, disse Furtado.
Como medida emergencial, prefeitos dos municípios afetados se reúnem para suspender as aulas, pois já não há combustível para transportar os alunos ribeirinhos que dependem dos barcos para chegar às escolas. Em Jordão, 64 escolas fecharão as portas nos próximos dias, e o prefeito Naudo Ribeiro destacou a necessidade de uma intervenção rápida do governo estadual. “Precisamos de alternativas urgentes para que o comércio local receba os insumos necessários e a população possa ter acesso ao básico”, concluiu.
Com informações do repórter Adailson Oliveira para TV Gazeta
