Um vídeo de pouco mais de 50 minutos, publicado pelo influenciador Felipe Bressanim, conhecido como Felca, ultrapassou 27 milhões de visualizações e gerou debate nacional ao denunciar casos de exposição e até exploração sexual de crianças e adolescentes nas redes sociais. O conteúdo destaca situações de “adultização”, quando menores passam a se comportar, se vestir e se expressar como adultos, muitas vezes incentivados por responsáveis em busca de engajamento e monetização.
Entre os exemplos citados está o caso de uma adolescente que, aos 12 anos, ingressou em um grupo de influenciadores com dinâmicas de conotação adulta, permanecendo até os 17. A repercussão levou o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Mota, a anunciar que o tema será discutido no Congresso ainda nesta semana.
A psicóloga e docente universitária acreana Samara Pinheiro, que pesquisa o fenômeno, explica que a adultização ocorre quando a criança ou adolescente perde etapas do desenvolvimento para adotar posturas típicas de adultos. “A rede social não é brinquedo. As crianças passam a se preocupar com padrões e a buscar aprovação constante, moldando-se ao que agrada os outros”, afirma.

Segundo a especialista, o processo pode gerar impactos psicológicos graves, como depressão, ansiedade e o chamado “falso self”, quando a identidade é construída apenas para atender às expectativas alheias. Pesquisas indicam que a maturidade para discernir limites digitais só é plenamente desenvolvida entre os 21 e 25 anos, e a recomendação é que o contato com telas ocorra apenas a partir dos dois anos de idade.
Samara reforça que cabe aos pais e responsáveis estabelecer limites e supervisionar a atividade online dos filhos. Ela recomenda diálogo constante, cuidados com a exposição, ensino sobre o que é público e privado e acompanhamento de uso. “Quando supervisionamos, estamos presentes na vida daquela criança ou adolescente, prevenindo situações de abuso e protegendo seu desenvolvimento”, finaliza.
Com informações do repórter Marilson Maia, para TV Gazeta.
