Dados oficiais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), validados pelo Centro Integrado de Geoprocessamento e Monitoramento Ambiental do Acre (Cigma), revelam uma queda expressiva nos focos de queimadas no estado. Entre os dias 1º e 30 de agosto de 2025, foram identificados 517 focos ativos, contra 1.997 no mesmo período do ano passado, uma redução superior a 73%.
A diferença chama atenção quando comparados os picos diários. Em 2024, o Acre chegou a registrar mais de 230 focos em um único dia, enquanto neste ano o maior número foi 142. No dia 28 de agosto, por exemplo, os satélites captaram apenas 58 ocorrências.
O pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e professor da Universidade Federal do Acre (Ufac), Evandro Ferreira, ressalta que a redução não está ligada apenas às ações de monitoramento e combate, mas também às condições climáticas.
“Várias coisas devem ser consideradas. Uma delas é que 2025 é um ano que você tem uma precipitação muito maior. Os dados de precipitação indicam que choveu 12% a mais do que no ano passado. Em 2024 tivemos seca, e este ano não. Tanto que, no fim de semana, em setembro, já tivemos chuva e a previsão é de mais. Isso diminui a quantidade de material combustível disponível para o fogo”, explicou.
Apesar do resultado positivo, o pesquisador alerta que o mês de setembro é considerado o principal termômetro da temporada de queimadas na região. “No ano passado, agosto teve cerca de 2 mil focos e setembro quase 4 mil. A expectativa para 2025 é diferente, porque estamos começando o mês com chuva, o que pode reduzir significativamente os números”, acrescentou Ferreira.
Mesmo diante da redução, os riscos para a saúde permanecem devido à baixa umidade relativa do ar, comum nesta época do ano. A médica pneumologista Célia Rocha orienta cuidados simples, mas essenciais para evitar complicações.
“O melhor remédio é água. Para calcular a quantidade que cada pessoa deve beber por dia, basta multiplicar o peso por 35. Além disso, os quartos, onde passamos mais tempo, precisam estar higienizados. É ali que se acumula ácaro, poeira e fungos. Não adianta apenas expor colchão e travesseiro ao sol. O ideal é trocar travesseiros a cada dois anos”, recomendou.
Ela também destacou a importância de procurar atendimento médico diante de sinais de mal-estar, especialmente em crianças. “Se algo não está normal, não se automedique. Procure assistência médica. Crianças, por exemplo, podem apresentar sinais de desidratação e precisam de cuidado imediato”, alertou.
Com a previsão de chuvas atípicas para o período, autoridades ambientais e especialistas se mostram otimistas em relação à continuidade da queda nos índices de queimadas no Acre. Ainda assim, a recomendação é manter a atenção, tanto para a proteção ambiental quanto para a saúde da população.