A história mais recente aconteceu com a empresária Jamyla Roysal no dia 09 de fevereiro desse ano
Jamyla Roysal e Lucas Machado, duas pessoas com vidas totalmente diferentes, mas que tiveram suas histórias cruzadas com o mesmo problema. Eles sofrem com a dificuldade de matricular e rematricular os filhos em uma escola particular de Rio Branco, por conta dos pequenos terem Transtorno do Espectro Autista (TEA).
A história mais recente aconteceu com a empresária Jamyla Roysal no dia 09 de fevereiro desse ano, mas foi no dia 21 do mesmo mês, que ela decidiu relatar todo o ocorrido com filho Luís, de 8 anos.
Ela conta que foi em uma escola particular de Rio Branco, e que preferiu não divulgar o nome. Ao chegar na instituição a mãe perguntou por três vezes seguidas se tinha vaga, e após ser conferido no sistema, foi dito que havia vagas.
Com isso, após Jamyla saber valores e metodologias, ela decidiu realizar a matrícula, mas ela conta que após retirar um pouco da máscara de proteção, a recepcionista a reconheceu das redes sociais, e perguntou se o seu filho era especial.
“Eu disse que sim, logo ela disse que tinha que falar com a coordenadora. Após eu esperar cerca de 15 à 20 minutos, ela volta e fala que não tem vaga, que estava equivocada, e eu indaguei, mas eu confirmei três vezes com você e você disse que sim, que tinham três vagas, ela disse que estava enganada, e que o sistema estava desatualizado”, contou Jamyla.
Ela conta como se sentiu, após ouvir que não tinha mais vagas quando a moça soube que o seu filho tinha TEA. “Eu chorei igual uma mãe quando perde um filho por me ver naquela situação. Em seguida, ela pede que eu converse com a coordenação para buscar vagas, porque ela não poderia fazer nada, detalhe, eu tinha que ir me humilhar por uma vaga que que já existia a 15 minutos atrás”, disse.
No atual momento, a empresária conta que já acionou o Ministério Público do Acre para resolver a situação. “Já fiz o contato com eles, e eles também me enviaram mensagens em minhas redes sociais, contudo, ainda não consegui abrir para ler. “, contou.
Além de acionar o MPAC, ela também convida familiares que passaram pela mesma situação a procurarem por ela. “Pais que não levaram para frente, para não punir a escola por isso, entre em contato comigo, para assim entrarmos na justiça”, concluiu.
Caso Lucas Machado
No caso do bancário Lucas Machado, o problema não é a matrícula, mas sim rematricular o filho Leonardo, de 9 anos, nessa mesma escola do impasse anterior. Ele conta que Leonardo estuda nessa instituição desde de 2014, contudo nos anos de 2019 e 2020, o pai precisou trocar o filho de escola por questões financeiras.
No ano de 2021 o pequeno retorna a escola, mas com alguns impasses. “Leonardo voltou o ano passado para essa escola, mas após as férias ele teve uma alteração de medicamentos, e um desses medicamentos fez uma alteração do humor, e nesse meio tempo começou a gritar muito, e a direção falou comigo, e eu tirei os aparelhos eletrônicos”, explicou.
Após isso, a escola começou a pedir que a criança ficasse em casa, chamou o Conselho Tutelar, e nesse momento o Lucas sentiu que a escola não queria mais o seu filho. “Eu não entendi o motivo de terem chamado o Conselho Tutelar, e senti que a escola estava se preparando para contar que ele não iria estudar mais ficar “, contou o pai.
O seu filho Luís, de 4 anos, já está matriculado nesse mesmo lugar, e indo para aula normalmente. Enquanto, o Leonardo espera desde de outubro de 2021 a chance de poder voltar para a escola. No atual momento, ele não irá acionar o MPAC, mas entregará novamente toda a documentação necessária.
“A mãe do meu filho entregou laudos, exames, toda documentação exigida, só que ela esqueceu de pedir uma assinatura, recebido, mas hoje eu cheguei a ir na escola, e disseram que os documentos estão na pasta, e preciso preencher um requerimento”, concluiu.
Família Azul
A presidente da Associação Família Azul do Acre, Heloneida Gama, conta que casos como esses estão acontecendo tanto na rede pública, quanto na privada, mas que eles prevalecem mais na em escolares particulares, e explica um dos principais motivos de isso ocorrer.
“Acredito que por questões financeiras, as escolas hajam assim. Muitas escolas reclamam que tem que contratar um mediador, e eu não acho que seja um custo. Também é necessário uma capacitação dos professores e profissionais nas escolas”, conta Heloneida.
Ela também explica o que fazer quando casos como esses acontecerem. “Deve fazer uma denúncia no Ministério Público do Acre, lá tem um núcleo de promoção da pessoa com deficiência, e com certeza eles irão ligar para os responsáveis, e fazer uma averiguação”, concluiu a presidente da associação.
