A visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Acre, na última sexta-feira (8), durou cerca de seis horas e teve como um dos principais compromissos a visita ao Hospital de Acolhida Souza Araújo, referência no atendimento a pessoas com hanseníase no estado.
Em um encontro fechado para jornalistas, o presidente foi homenageado pelos internos da unidade e pela Diocese de Rio Branco, mantenedora do hospital. Um dos pacientes agradeceu a Lula pelas conquistas e pela esperança renovada:
“Senhor presidente, muito obrigado por nos ajudar a resgatar a autoestima, a dignidade e o direito de escrever e viver uma nova realidade.”
Porém, o momento também foi marcado por cobranças. Muitos pacientes, que vivem no hospital há décadas, pediram investimentos urgentes na estrutura da unidade, que enfrenta sérios problemas. Uma ala de quartos permanece fechada por risco de desabamento, e o hospital sofre com atrasos nos repasses do governo estadual, prejudicando o atendimento de pacientes de todo o Acre.
“Eu não sei qual é a última reivindicação que vocês fizeram pra mim, mas ajudar vocês a reparar os danos que sofreram ao longo de tantos e tantos anos é uma obrigação moral, humana, ética e cidadã. Nós precisamos cuidar de todo mundo” disse o presidente.
A visita também foi uma oportunidade para o Morhan, movimento de luta em defesa das pessoas com hanseníase, apresentar ao presidente a demanda por desburocratização da pensão prevista em lei para os filhos e pessoas isoladas em razão da doença.
Mais de 300 processos do Acre já foram aprovados pela Comissão de Direitos Humanos em Brasília, que avalia os casos. Contudo, o pagamento desses benefícios fica paralisado no INSS, que os coloca na mesma fila de outros benefícios, sem prazo definido para o repasse. Muitos pensionistas têm mais de 80 anos e aguardam há muito tempo.
O assessor jurídico do Morhan, Thiago Flores, destacou a necessidade de avanços no Ministério da Previdência Social: “A gente precisa avançar para que os benefícios, oriundos da Lei 1520, que é uma indenização especial, sejam implantados com mais seriedade e não fiquem na ‘vala comum’ do INSS.”
Ao todo, mais de mil pedidos do Acre foram encaminhados à Secretaria de Direitos Humanos para análise, mas a demora e burocracia do INSS podem prolongar ainda mais a espera.
O Morhan pediu ao presidente Lula a edição de um decreto que determine o pagamento imediato da pensão assim que os processos sejam aprovados pela Comissão de Direitos Humanos, garantindo rapidez e dignidade aos beneficiários.
Com informações do repórter Adailson Oliveira para TV Gazeta
