O grupo dirigente da extrema direita brasileira é eminentemente golpista. Outra forma de dizer isso, com igual verdade, é afirmar que os líderes da extrema direita são criminosos. Só podem chegar ou manter-se no poder ao custo de tensionar os limites democráticos e jurídicos. Cometer crimes sem castigo nenhum é seu ideal político mais acalentado.
Temos, mesmo, que considerar que eles não deixam rastros de seus crimes – produzindo pilhas e pilhas de provas contra si mesmos – apenas por descuido e burrice. De fato, eles são cognitivamente débeis. Muito débeis, como caldo de piaba. Eles deixam essas pistas porque se orgulham dos crimes que cometem. É, assim, um misto de orgulho e burrice. A cara de nossa extrema direita: crime, orgulho, burrice, mais crimes…
E, se não cometem mais crimes, não é por falta de vontade. É, isto sim, por falta de condições, de impossibilidades. Sim. Há uma clara e insuperável contradição entre eles, de um lado, e a democracia e a justiça, de outro. E, à reação da justiça, eles respondem com mais crimes. Uma vez barrados em seus intentos criminosos, repetem ad nauseam o mantra da liberdade de expressão.
Eles pretendem acabar com o crime, não deixando de cometer crimes, mas abolindo ou flexibilizando as leis que tipificam e penalizam a prática dos delitos. Trata-se do pior tipo de criminoso. Em última instância, não querem apenas estar livres da justiça. Procuram abolir tudo aqui que, no arcabouço jurídico, puder representar um obstáculo para eles.
Alguém disse que Bolsonaro não deveria usar tornozeleira eletrônica porque ele não era um criminoso comum. À luz do que foi dito acima, só posso concordar. Bolsonaro – e seu grupo, a exemplo de seu filho que, nesse momento, atenta contra a soberania brasileira – não é um crimino comum. É pior. Muito pior. Para dizer a verdade, não há bandido que, por poderoso e perverso que seja, possa fazer mais mal ao Brasil do que Bolsonaro e seu grupo.
Vejam que, nesse momento, os parlamentares bolsonaristas, extremistas que são, buscam uma forma de proteger Eduardo Bolsonaro enquanto ele, nos EUA, milita
escancaradamente por um golpe de Estado. O sujeito recebe dinheiro público para atentar contra os direitos do povo brasileiro. Dito de outro modo, os extremistas garantem que Eduardo Bolsonaro receba dinheiro enquanto comete crimes contra o Brasil e contra o povo brasileiro. Ou seja, ele está recebendo amparo financeiro e proteção política dos extremistas para cometer crimes.
E cabe frisar. Ele não está recebendo apoio dos extremistas apesar de estar cometendo crimes. Ele está recebendo esse apoio justamente para cometer crimes. Dessa forma, eles atentam contra nossa democracia por dentro e por fora. Reivindicam a democracia para, em seu nome, sangrar a democracia.
Em vista disso, cabe a nós, com mais veemência ainda, usar as armas da democracia para protegê-la. Devemos, de uma vez por todas, impedir que golpistas passem por democratas. Golpista é golpista, é criminoso. E como tal deve ser tratado. Devemos ter presente que a justiça não está perseguindo Bolsonaro. Para falar a verdade, fosse outro sujeito com menor capital político, já estaria na cadeia faz tempo.
Por todos os crimes que cometeu e vem cometendo, usar tornozeleira eletrônica é pouco. Bolsonaro e todos aqueles que cometem crimes contra nossa democracia devem ir para a cadeia! Sem anistia para golpista.
Israel Souza
Professor e pesquisador de Instituto Federal do Acre desde 2016. Atualmente, está lotado no Campus Xapuri. É autor dos livros Democracia no Acre: notícias de uma ausência (PUBLIT, 2014), Desenvolvimentismo na Amazônia: a farsa fascinante, a tragédias facínora (EDIFAC, 2018) e A política da antipolítica no Brasil, Vol. I e II (EaC Editor, 2021) e Ciência, educação e política, Vol. I e II (EDIFAC, 2024).




