Pelo menos 16 das 80 famílias removidas de uma área de invasão no bairro São Francisco nesta segunda-feira (25) decidiram acampar no hall de entrada da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac). Outras famílias são esperadas para reforçar o movimento nos próximos dias. Desabrigadas, essas pessoas afirmam que não têm para onde ir e esperam que deputados ou outras autoridades possam oferecer alguma solução.
“Lá foi derrubado, lá foi quebrado e nós não temos para onde ir. Então, para nós não ficarmos na rua desamparados, nós viemos para a nossa casa. Que é a casa dos nossos presidentes, dos nossos governadores, dos nossos deputados, onde eles vão ter que olhar para nós”, declarou Josimar da Conceição.
A retirada das famílias ocorreu na última quinta-feira, quando a polícia cumpriu um mandado de reintegração de posse em uma área particular situada atrás do loteamento Mutambo. O proprietário da terra obteve na Justiça o direito de reaver a propriedade. Durante a ação, foi estabelecido um prazo para que os moradores retirassem os pertences e materiais de construção. Quem não conseguiu cumprir o prazo teve os barracos demolidos.
Os moradores criticaram a falta de apoio do governo do Estado e da prefeitura. “O que nós teríamos direito é sair de lá de dentro da terra, né? Aluguel social nós teríamos direito de nada. Ia sair com a mão na frente ou até atrás. Onde lá a gente residia há cinco anos, né? E a gente fique sabendo por alto que a terra não tinha documento, né? Tinha documento, mas era fraudado”, relatou um dos moradores.

A abordagem policial também foi alvo de críticas. Josimar da Conceição afirmou que sofreu agressões durante a reintegração. Segundo ele, foi detido após questionar a ação e acabou sendo imobilizado por quatro policiais. “Não me mataram porque os invasores começaram a gritar. Me chamaram de vagabundo, até que o delegado me chamou de gaiato. Fiquei até 4 horas da tarde na delegacia, com as mãos roxas por causa das algemas apertadas”, disse.
Muitas famílias desalojadas buscaram abrigo na casa de parentes, mas o grupo que está acampado na Aleac promete resistir até que seja apresentada uma solução habitacional. “Entrando, saindo, a gente precisa acompanhar”, reforçou um dos líderes do movimento.
A situação expõe o drama de famílias vulneráveis e a falta de políticas públicas adequadas para atender casos de remoções forçadas. A mobilização na Assembleia Legislativa busca pressionar as autoridades a encontrar alternativas dignas para os desabrigados.
Matéria produzida pelo repórter Adailson Oliveira para a TV Gazeta.
