A seca extrema no Acre causou danos significativos à produção agrícola e pecuária, com perdas que já ultrapassam 50%, segundo levantamento da Defesa Civil de Rio Branco. Além das culturas, a pecuária também foi severamente afetada, com o gado enfrentando dificuldades para ganhar peso e uma drástica redução na produção de leite. A piscicultura, um setor que já enfrentava desafios, também registrou prejuízos.
Os efeitos da seca se agravam quando combinados com as queimadas e a consequente poluição do ar. Durante uma audiência pública realizada na Assembleia Legislativa, o pesquisador Foster Brown apresentou dados alarmantes de uma pesquisa da Universidade de Chicago.
Segundo ele, a exposição prolongada à fumaça tóxica pode reduzir a expectativa de vida dos moradores em 2 a 4 anos. “Praticamente limpamos o ar com os nossos pulmões, inalando a fumaça oriunda das queimadas. Fizemos tanto mal ao nosso organismo que jamais conseguiríamos imaginar”, destacou o professor, ressaltando que a região enfrenta níveis críticos de poluição do ar, particularmente devido às queimadas.
A audiência pública, que reuniu diversos órgãos de controle ambiental e responsáveis pela assistência aos afetados, visou discutir soluções para mitigar os impactos da seca e das queimadas.
Os participantes concordaram que é essencial implementar políticas públicas mais rigorosas e fortalecer a fiscalização. O governo e as prefeituras foram instados a desenvolver programas de apoio aos produtores rurais, com foco na mecanização agrícola. Sem essas iniciativas, muitos continuarão a usar o fogo como método para recuperar terras.
Durante a plenária, um deputado apresentou a proposta de criação de uma Comissão de Meio Ambiente na Assembleia Legislativa, que ainda não existe, e sugeriu um aumento no orçamento da Defesa Civil estadual. Ele enfatizou a necessidade de estruturas adequadas para o combate a incêndios, apontando que, apesar do alto número de queimadas nos últimos anos, muitos municípios ainda não criaram as brigadas de incêndio.
Os prefeitos, segundo ele, esperaram a ajuda do governo federal, que disponibilizou apenas quatro brigadas este ano, número claramente insuficiente para a demanda. O professor Foster Brown alertou que a falta de ações práticas por parte dos gestores públicos se aproxima da omissão. “Estamos enfrentando um desafio que levou décadas para se formar e vai levar décadas para se resolver. A tendência para os próximos anos é de situações mais complicadas”, concluiu.
A audiência pública foi considerada uma oportunidade crucial para reunir as autoridades competentes e buscar soluções concretas para mitigar a crise ambiental que afeta o estado.
Matéria produzida pelo repórter Adailson Oliveira para a TV Gazeta.
